Almeida Garrett não teria desempenhado o importante papel que desenpenhou, na renovação do nosso teatro, sem a célebre legislação de Passsos Manuel, que procurou reformar o ensino, criar um Panteão Nacional e lançar a reforma do teatro em Portugal.
A portaria de de 28 de Setembro de 1836, assinada por Manuel da Silva Passos, relatava o seguinte: "Manda sua Majestade a Rainha que João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett proponha sem perda de tempo um plano para a fundação e organização de um Teatro Nacional, nesta capital, o qual sendo uma escola de bom gosto, contribua para a civilização e aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa e satisfaça outros fins de tão úteis estabelecimentos, informando ao mesmo tempo à cerca das providências necessárias para levar a efeito os melhoramentos possíveis dos teatros existentes".
Garrett um mês e meio depois, apresentava um plano, no qual tinha em mente, não só a construção do Teatro Nacional D. Maria II, como a Inspecção Geral dos Teatros e Espectáculos Nacionais, e o Conservatório Real de Arte Dramática. Este Conservatório era constituido por três escolas - teatro, música, e dança, mas era também formado por uma companhia de actores nacionais, prémios teatrais, propriedade literária, convocação de literatos e artistas e de um Inspector Geral "cidadão de conhecido préstimo, sabedoria e conhecimentos especiais neste ramo", o qual em matéria de espectáculos dirigia e ficalizava a boa regência dos conservatórios e escolas.
Almeida Garrett foi nomeado Inspector Geral, ainda no corrente ano de 1836, mas só a 24 de Maio de 1841, consegui ver assinado pela Rainha e referenciado por Rodrigo da Fonseca Magalhães o decreto dos estatutos, por ele elaborados, do Conservatório Real de Lisboa.
O problema foi que passados dois meses apareceu um outro decreto, o decreto "cabralista", datado da 16 de Julho de 1841, referendado por Joaquim António de Aguiar, que iria exonerar Almeida Garrett de todos os cargos que exercia na Inspecção Geral dos Teatros e Espectáculos Nacionais e no Conservatório Nacional de Lisboa.
Ao ser afastado do Conservatório, Garrett não abandonou a sua ideia, e em 1842, fundou uma Associação de amadores da Cena Portuguesa, para fazer representar peças no Teatro do Salitre; e colaborou com os amadores da sociedade Thália, para os quais escreveu algumas peças.
O edifício do Teatro Nacional foi construido entre 1843 e 1846, no Pátio da Inquisição, no Rossio, na cidade de Lisboa, durante o governo de Costa Cabral, que afastou Garrrett da realização do seu sonho.
Como observou José Augusto França entre 1836 e 1846, a acreditar numa estatística publicada pela Revista Universal Lisbonense, 112 peças foram representandas, impressas ou apresentadas ao concurso no Conservatório - mas não nos deixemos enganar pela quantidade, porque ela se sobrepunha largamente à qualidade.
Só a produção de Garrett, principalmente as peças: Um auto de Gil Vicente, o Alfageme de Santarém, D. Filipa de Vilhena e sobretudo o Frei Luís de Sousa, obra máxima do teatro português, se destacaram, entre inúmeros dramas que foram escritos por diversos autores, nesta mesma época.
Todo este empenho na restauração do teatro nacional não se limitou à fundação do Conservatório, à Criação da Inspecção Geral dos Teatros e dos Prémios Literários estendeu-se também aoutros domínios da vida intelectual portuguesa, tais como a revisão do reportório teatral, o seu desempenho pessoal junto dos autores e das obras, e o seu apoio a tudo o que no seu tempo, representasse em Portugal um estímulo à renovação da arte dramática.
Foi extremamente importante a acção de Almeida Garrett na restauração do teatro nacional, que se dividiu em três grandes expressões: a fundação do Teatro Nacional D. Maria II, do Conservatório Real de arte Dramática e a criação da Inspecção Geral dos Teatros. Não nos poderemos esquecer do auxílio material e literário, que prestou, para a renovação de autores portugueses, o seu contributo como dramaturgo, destacando-se a sua peça Frei Luís de Sousa, e finalmente o seu papel como crítico teatral nos jornais da especialidade, em que participou.