domingo, 24 de outubro de 2010

Epílogo

Almeida Garrett, no prefácio de Um Auto de Gil Vicente, em 1838, diz-nos que "o teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde a a não há...", por este motivo devia educar o público, instrui-lo, só assim o teatro poderia prosperar. Nesta misssão de civilização nada melhor do que a própria imprensa teatral, até porque esta imprensa periódica era menos vigiada pela censura, ou, seja, Garrett tinha mais liberdade de expressão, apesar de assinar os seu artigos sempre com um pseudónimo.
Toda a prespectiva dramática do século XIX é comandada pelo admirável esforço de garrett, para dotar o seu país de um teatro válido literária e cenicamente. Almeida Garrett teve uma foemação clássica, por este motivo, durante a sua juventude procurou imitar o teatro clássico, nas peças que escreveu.
O nosso dramaturgo repeliu sempre o exagero caricatural dos melodramas, de origem francesa ou italiana, que estavam em cena nos palcos da capital, durante o primeiro terço do século XIX, de mão dada com a ópera.
Foi notável o empenho de garrett na arte de representar, que se manifesta não só pelo gosto de representar e criar um elenco de nível, como o propósito de constituir um repertório original que, tivesse merito literário. Mas o seu mérito não fica por aqui, nos jornais teatrais onde participou, procurou sempre modificar a mentalidade portugues, através da valorização das peças nacionais em detrimento das estrangeiras. Procurou através do Teatro nacional D. Maria II e do Conservatório Real de Arte Dramática, criar artistas que representassem com o nosso estilo e não como os artistas estrangeiros. Através da Inspecção-Geral dos teatros, procurou dar mais qualidade às nossas peças teatrais e finalmente, não deveremos esquecer o seu empenho como dramaturgo, destacando a sua obra principal, o Frei Luís de Sousa.












Relação entre os Teatros e a Imprensa

As críticas que nos aparecem nos jornais teatrais dos anos 30, do século XIX, são as mesmas que Sousa Bastos nos revela no seu Dicionário de Teatro Portugês: "É Portugal a única parte no mundo em que todos ou quase todos os jornais tem cadeira efectiva e gratuita nos teatros. Também dois, três ou mais redatores de um jornal pedem no mesmo dia camarotes. Acontece portanto que uma empresa tem noites em que só dá à imprensa vinte ou trinta camarotes! E quando se recusa muitas vezes se estabelece o conflito e o teatro é bastante prejudicado. Tudo isto é um abuso contra o qual as empresas não tem coragem de protestar. Verdade seja que uma grande parte de jornais se enche de reclames aos teatros enviados pelas próprias empresas. Isto é prejudicialíssimo para a arte e para os actores. Em França são os jornalistas unicamente convidados para as primeiras representações das peças a fim de darem a sua opinião sincera. Era o que se deveria de usar aqui também. O reclame constante igualmente deveria ser banido da imprensa, porque o público já não lhe dá crédito. Assim estabelecidas as relações, as empresas só teriam a lucrar, já por poderem dispor de lugares que a imprensa ocupa, já porque não estragaria os artistas com falsos elogios que só os prejudicam. Quem quisesse os seus espectáculos anunciados nos jornais pagaria pela tabela que se estabelece".
Podemos concluir que quem saia prejudicado nesta relação era o teatro, porque raramente conseguia obter lucro, apesar das lotações estarem sempre esgotadas, a maior parte dos camarotes estavam reservados à imprensa, familiares e amigos, poucos bilhetes eram vendidos. A imprensa também elogiava quase sempre os actores e as peças, em troca de bilhetes, induzindo o público em erro, pois era atraído para espectáculos de duvidosa qualidade, daí que o público não desse muito crédito à publicidade, que vinha na imprensa, à cerca das diversas peças teatrais que iam esteando, na época.






domingo, 17 de outubro de 2010

Os Actores e a Imprensa

Em meados do século XIX, os jornais teatrais, ligados a empresários das diferentes salas, contribuiam para o culto dos artistas, dando publicidade aos hábitos e maneiras de vestir dos artistas e sobretudo das actrizes, que ficavam assim investidos da responsabilidade de encarar o imaginário de uma burguesia citadina.
Este fenómeno, tinha aliás, repercursões sobre a própria produção dramática condicionando os autores a escrever expressamente para determinados actores. Garrett criara Emília das Neves, a heroina da sua inacabada Inês de Castro e A Sobrinha do Marquês, destinara-lhe também a madalena do Frei Luís de Sousa, que aliás a actris nunca teria a oportunidade de representar. um outro dramaturgo Biester nos anos cinquenta, produzia especialmente para a actriz Maria Adelaide.
Alguns literatos escreviam biografias consagratórias de actores, daí recolhendo para si o brilho mundano, particularmente o círculo do Teatro do São Carlos. Nos anos quarenta, as disputas prlas cantoras favoritas constituiam uma prática indissociável da frequência daquele teatro.
Nos outros teatros que não o do S.Carlos, praticava-se um culto aos artistas semelhante que também provocava polémicas, como  quando, em 1849, o público do Teatro D. Fernando e D. Maria II se dividiram entre a idolatria pela Emília das Neves e pela Soller, cada uma das actrizes à cabeça de um e de outro teatro.
Estas manifestaç~pes de idolatria aos artista, que surgem documentadas na imprensa teatral da época, eram também uma forma dos espectadores se apropriarem da cena, fazendo o teatro funcionar enquanto espaço de uma convivencialidade mundana associada à exibição de pertença a uma elite.



Almeida Garrett e a Imprensa Teatral

A época romântica era favorável ao aparecimento de periódicos literários e científicos, que por sua vez eram apoiados pelo Governo, ao mesmo tempo que a imprensa de opinião era reprimida. O Governo, não só não levanava obstáculos como até favorecia as revistas literárias e científicas, culo público era necessariamente restrito a uma elite intelectual.
Os jornais teatrais aparecem a partir de 1834 e almeida Garrett foi o seu fundador. As marcas são visíveis nos jornais que fundou, O Entre-Acto do qual foi um dos seus redatores principais, e o Jornal do Consevatório, onde colaborou regualarmente.
O Entre-Acto: Jornal dos Theatros era um jornal literário, editado em Lisboa, que tratava de assuntos essencialmente de teatro, ópera e música, do qual Garrett foi fundador a 17 de Maio de 1837, e tornou-se o seu principal redactor. Este jornal era trissemanal e era publicado à Segundas, Quartas e sextas à noite. O Jornal encontrava-se à venda "nos lugares do Camareiro, e Bilheteiro do teatro do S. Carlos" e custava 20 réis. participavam na sua direcção/redacção juntamente com Garrett, António Pompílo Pessoa e Fernando Vallada.
O Entre-Acto  foi o primeiro jornal "inteiramente consagrado aos interesses dramáticos, e com o qual procuramos satisfazer a uma indicação social de primeira ordem, a de ficalizar as nossas cenas".
verificamos neste jornal o fervor nacionalista de almeida Garrett, que nos revela que apesar do teatro estar no bom caminho, ainda temos um longo percurso pela frente, até ficarmos a par dos melhores artistas europeus: "Grandes passos tem dado o nosso teatro nestes últimos meses. A naturalidade da declamação a propriedade dos costumes, a moderação nos gestos, e uma ordem e decência geral de todo o espectáculo são visíveis melhoramentos que todo o mundo tem aplaudido". Aponta os maiores defeitos do nosso teatro, que vive à custa de más traduções e de francesismos, a má declamação feita pelos actores.
Este jornal terminou a 2 de julho de 1837, sendo editados 20 números.
Quanto ao Entre-Acto, poderemos concluir que teve um papel bastante importante na renovação da cena portuguesa, nele Garrett criticou a falta de confiança que os empresários tinham nas peças e o ridículo mimetismo das peças francesas.
O Jornal do Conservatório também foi fundado por Almeida Garrett, mas a 8 de dezembro de 1839, em Lisboa. Este era um jornal semanal, em que Garrett colaborava, mas não assinava os artigos, publicava-se aos Domingos. O seu redactor/director era António A. Correia de Lacerda. O objectivo deste jornal era: "Ilustrar e promover assim a arte dramática como da música, e todas as arte e letras ei-lo pois o valioso, benemérito empenho do Conservatório (...) Nós, a que o Conservatório escolheu para seu órgão, nós também envidaremos as nossas forças para desempenhar a tão árdua tarefa, essa missão de filantropia, suavidade e civilização".
Este jornal  pretende valorizar a arte dramática, pois o teatro é o espelho da nossa História e da nossa sociedade, por um lado, por outro também pode exercer um papel civilizacional, educando o povo e alertando-o para os novos problemas da sociedade. Verificamos neste jornal um grande elogio ò reforma do nosso teatro.
Está também presente, este, jornal, não só uma crítica à forma como os actores e actrizes representam, como à pouca exigência dos espectadores, que estão mais interessados na beleza física dos interpretes, do que no seu trabalho.
Neste jornal tecem grandes elogios a Almeida Garrett, sem o desempenho deste, não teria sido possível a regeneração do teatro nacional. O Jornal do Conservatório terminou no dia 24 de Maio de 1840, sendo editados 25 números.
Foi o grande desenvolvimento da imprensa periódicaportuguesa, no segundo quartel do século XIX que tornou possível a separação entre o jornal e a revista, não especialmente diferenciados pela periodicidade, mas pelas matérias que os constituíam e pela maneira de desenvolver os assuntos.
o desenvolvimento da imprensa periódica, também permitiu que Almeida Garrett fosse o fundador da imprensa teatral, que tanto exito teve na época.








sábado, 16 de outubro de 2010

Almeida Garrett Jornalista

Almeida Garrett, para além se poeta, romancista, dramaturgo, orador parlamentar, combatente do cerco do Porto, também foi jornalista, um dos fundadores da imprensa pública, em Portugal "para davogar a causa do povo contr a tirania".
Estreou-se na imprensa no dia 14 de Fevereiro de 1822, n'O Portuguez Consttucional Regenerado, nº36, num artigo que respondia às críticas que o padre José Agostinho Macedo publicava na Gazeta Universal , a propósito do Retrato de venus, obra que escreveu co 17 anos e editou pouco tempo depois.
Nos jornais que fundou, dirigiu ou colaborou, destingui-se sempre porque procurava chamar a atenção do Povo, instrui-lo, dar-lhe consciência da liberdade e dos seus direitos cívicos, tal como do seu papel na nação. Por isso não só se destaca na imprensa política, como a nível da imprensa feminina e teatral.
Em Fevereiro de 1822, Garrett funda o seu primeiro jornal, em Lisboa, Juntamente com Luís Francisco Midosi: O Toucador:Periodico sem Politica dedicado às senhoras Portuguesas. Este foi o primeiro jornal português dedicado ao público feminino, de âmbito literário, do quotidiano e das curiosidades. Foram publicados  sete números deste semanário. O título segundo o que declara o artigo de apresentação, foi sugerido por uma dama que um redator foi visitar em principio da sua "toilett" e um pouco  "déshabillé". Este periódico termina em Março de 1822.
Quanto à imprensa política, Garrett funda a 4 de Março de 1823, também em Lisboa, o único número do jornal Heraclito e Democrito. A redação integral deste jornal é atribuida unicamente a Garrett.
A 30 se Outubro de 1826 lança, em Lisboa, O Portuguez: diario politico, litterario e commercial, em que esteve associado a Paulo Midosi, Carlos Morato Roma, joaquim Lacher e António Maria Couceiro, foram editados 258 números. Este jornal foi essencialmente político e noticioso, e a sua colaboração não era assinada, terminou a 17 de Setembro de 1827.
Põe à venda a 4 de Março de 1827, em Lisboa, O Cronista: Semanário de politica, litteratura, sciencias e artes, da sua exclusiva responsabilidade, sendo editados 26 números. Era um jornal que tinha colaboração política e literária, terminou em Agosto de 1827.
tanto O Portuguez, como O Cronista, foram censurados e encerrados por ordem do governo da regente D. Isabel Maria.
A 9 de Setembro de 1829 lança o semanário O Chaveco Liberal, em Londres, juntamente co José Ferreira Borges e Paulo Midosi, do qual serão editados 17 números, terminando a 30 de Dezembro do mesmo ano. Este jornal foi integralmente redigido por Almeida Garrrett.
Dois anos mais tarde funda em Londres O Percursor , Semanário político, no dia 27 de Setembro de 1831, do quql são editados 3 números, foi um jornal inteiramente redigido por Garrett que o considerou "panfleto incendiário". Terminou no dia 11 de Outubro de 1831.
No dia 2 de Julho de 1836 reaparece na imprensa portuguesa, como redator principal d'O Portuguez Constitucional, que fundou juntamente com João Baptista Gastão e Alexandre Lima Leitão. Este Diário era essencialmente político e noticioso, a colaboração não era assinada e a de Garrrett terminou às portas da Revolução de Setembro, foram editados 104 números. Este jornal foi consebido com a intenção de combater o ministério de 20 de abril, constituido pelo Duque da Terceira, manuel Gonçalves Miranda
 e josé da silva carvalho. Termina a 2 de Novembro de 1836.
no que diz respeito à Imprensa Tearal, funda em 1837 o Entre-Acto, Jornal dos Theatros e em 1840 o Jornal do Consevatório.
Quanto às artes em geral fundou O Jornal da Bellas Artes, em 1843. Garrett fundou este jornal na qualidade de Presidente da Associação de artistas e Homens de Letras, e nele inscreveu diversa colaboração anónima. na direcção da redação deste jornal trabalhavam: Manuel Maria Bordallo Pinheiro e josé Baptista Coelho. Foram editados 6 números.
Em 1845 surge o último jornal, em que Garrett participou A Ilustração:Jornal Universal, na direcção da redacção deste diário trabalhavam Teixeira deVasconcelos e José da Silva Leal, foram editados 12 números e terminou a 31 de dezembro de 1846.
Em Agosto de 1846, por convite de Almeida Garrett e José Estevão, reuniram-se no Conservatório Real de Lisboa, alguns homens de letral e jornalistas e assim constituiram a Liga ou Associação promotora dos Melhoramento da Imprensa. Pela primeira vez, desta forma, a imprensa se levanta pelos seus direitos.
é interessante salientar que à medida em que entra em progresssiva decadência o setembrismo até à restauração da Carta, no início de 1843, vai diminuindo o movimento jornalistico no país. A "Lei da Rolhas" baixou verticalmente o nossso movimento jornalistico, voltando logo a subir depois que essa lei foi revogada pelos Decretos 22 e 23 de Maio de 1851.











































quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Imprensa Teatral

A actividade jornalistica desenvolve-se durante o período liberal, com o aparecimento do público leitor, mais interessadona discussão das novas ideias que dissessem respeito aos assuntos nacionais. Podemos destacar o papel interventor desempenhado por duas grandes personalidades desta época, como foi o caso de Garrett e Herculano que, foram fundadores e colaboradores de várias públicações periódicas. a imprensa periódica desenvolve-se, nesta altura, porque tinha uma nova forma de escrita, mais acessível ao público-leitor.
Em 1836, um outro factor do subito crescimento dos leitores de jornais, foi o democrético regime estabelecido pela Revolução de Setembro, o que permitiu o alargamento considerável da massa de leitores.
O teatro, nessa altura, também ganhava cada vez mais importãncia, no que dizia respeito à vida social e política dos portugueses, não esquecendo a vida mundana, chegando aos salões da aristocracia.
O empenho de almeida Garrett, na restauração do teatro nacional, não tinha sido em vão, a vida teatral tomava um lugar cada vez mais importante, na vida dos lisboetas, oferecendo-lhes trinta ou quarenta jornais, desde os finais dos anos trinta do século XIX.
Para além dos jornais políticos, também tinham saída os jornais culturais, dos quais se destacava uma imprensa especializada, a imprensa teatral que nasceu nos anos 30, do século XIX, após a reforma do teatro nacional, exercida por Garrett. Nesta imprensa eram publicadas as críticas aos espectáculos, representações polémicas entre actores e empresários, notícias de peças em cena, folhetins ou libretos de ópera e alguns retratos de actores.
Daetacaram-se alguns jornais, desta nova imprensa especializada, tais como: Entre-Acto/Jornal dos Theatros (Lisboa, 1837); Atalaia Nacional dos Theatros (Lisboa, 1838); O Theatro Universal (lisboa, 1839); Jornal do Conservatório (Lisboa, 1840); A Sentinela do Palco (Lisboa, 1840); O Desenjoativo Theatral (Lisoa, sd); O Pirata (Lisboa, 1842); A Fama (Lisboa, 1843); O Raio Theatral (Lisboa, 1843), entre muitos outros.
















terça-feira, 12 de outubro de 2010

Garrett Criador e Reformador

Almeida Garrett não teria desempenhado o importante papel que desenpenhou, na renovação do nosso teatro, sem a célebre legislação de Passsos Manuel, que procurou reformar o ensino, criar um Panteão Nacional e lançar a reforma do teatro em Portugal.
A portaria de de 28 de Setembro de 1836, assinada por Manuel da Silva Passos, relatava o seguinte: "Manda sua Majestade a Rainha que João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett proponha sem perda de tempo um plano para a fundação e organização de um Teatro Nacional, nesta capital, o qual sendo uma escola de bom gosto, contribua para a civilização e aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa e satisfaça outros fins de tão úteis estabelecimentos, informando ao mesmo tempo à cerca das providências necessárias para levar a efeito os melhoramentos possíveis dos teatros existentes".
Garrett um mês e meio depois, apresentava um plano, no qual tinha em mente, não só a construção do Teatro Nacional D. Maria II, como a Inspecção Geral dos Teatros e Espectáculos Nacionais, e o Conservatório Real de Arte Dramática. Este Conservatório era constituido por três escolas - teatro, música, e dança, mas era também formado por uma companhia de actores nacionais, prémios teatrais, propriedade literária, convocação de literatos e artistas e de um Inspector Geral "cidadão de conhecido préstimo, sabedoria e conhecimentos especiais neste ramo", o qual em matéria de espectáculos dirigia e ficalizava a boa regência dos conservatórios e escolas.
Almeida Garrett foi nomeado Inspector  Geral, ainda no corrente ano de 1836, mas só a 24 de Maio de 1841, consegui ver assinado pela Rainha e referenciado por Rodrigo da Fonseca Magalhães o decreto dos estatutos, por ele elaborados, do Conservatório Real de Lisboa.
O problema foi que passados dois meses apareceu um outro decreto, o decreto "cabralista", datado da 16 de Julho de 1841, referendado por Joaquim António de Aguiar, que iria exonerar Almeida Garrett de todos os cargos que exercia na Inspecção Geral dos Teatros e Espectáculos Nacionais e no Conservatório Nacional de Lisboa.
Ao ser afastado do Conservatório, Garrett não abandonou a sua ideia, e em 1842, fundou uma Associação de amadores da Cena Portuguesa, para fazer representar peças no Teatro do Salitre; e colaborou com os amadores da sociedade Thália, para os quais escreveu algumas peças.
O edifício do Teatro Nacional foi construido entre 1843 e 1846, no Pátio da Inquisição, no Rossio, na cidade de Lisboa, durante o governo de Costa Cabral, que afastou Garrrett da realização do seu sonho.
Como observou José Augusto França entre 1836 e 1846, a acreditar numa estatística publicada pela Revista Universal Lisbonense, 112 peças foram representandas, impressas ou apresentadas ao concurso no Conservatório - mas não nos deixemos enganar pela quantidade, porque ela se sobrepunha largamente à qualidade.
Só a produção de Garrett, principalmente as peças: Um auto de Gil Vicente, o Alfageme de  Santarém, D. Filipa de Vilhena  e sobretudo o Frei Luís de Sousa, obra máxima do teatro português, se destacaram, entre inúmeros dramas que foram escritos por diversos autores, nesta mesma época.
Todo este empenho na restauração do teatro nacional não se limitou à fundação do Conservatório, à Criação da Inspecção Geral dos Teatros e dos Prémios Literários estendeu-se também aoutros domínios da vida intelectual portuguesa, tais como a revisão do reportório teatral, o seu desempenho pessoal junto dos autores e das obras, e o seu apoio a tudo o que no seu tempo, representasse em Portugal um estímulo à renovação da arte dramática.
Foi extremamente importante a acção de Almeida Garrett na restauração do teatro nacional, que se dividiu em três grandes expressões: a fundação do Teatro Nacional D. Maria II, do Conservatório Real de arte Dramática e a criação da Inspecção Geral dos Teatros. Não nos poderemos esquecer do auxílio material e literário, que prestou, para a renovação de autores portugueses, o seu contributo como dramaturgo, destacando-se a sua peça Frei Luís de Sousa, e finalmente o seu papel como crítico teatral nos jornais da especialidade, em que participou.